A História de Poconé__________________________

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História do Municipio

A Cidade foi fundada por Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

Apesar da precariedade de comunicação da época, a abundância de ouro atraiu muita gente a região. As descobertas das lavra de Ana Vaz, Tanque do Padre, Tanque do Arinos, Lavra do Meio, Tereza Botas e outras provocou desenfreada corrida ao ouro vil.

A ida as minas de ouro deu-se tão logo se espalharam as noticias sobre a quantidade do ouro encontrado. Apesar das dificuldades inerentes à época, não surgiram impedimentos para o crescimento populacional, que contribuiu para a modificação do espaço de povoado e a sua elevação à categoria de arraial, em 21 de janeiro de 1871, com a denominação de São Pedro d’El Rey, em homenagem a Dom Pedro III, rei de Portugal.

A não permanência do termo "Beripoconé", que era referência ao antigo povo indígena que vivia na região, se deve ao fato, obviamente contrariava a hierarquia da realeza e o poder político-econômico-social, enquanto metrópole.Imagem dos Antigos Colonizadores de Poconé

Em decorrência do esgotamento do ouro aluvial, a população garimpeira inicio o processo de abandono do povoado, indo fazer o que bem sabiam em outras regiões. Permaneceu o povo que dedicou-se à agricultura e pecuária, que, por sua vez, propiciou um povoamento mais sedentário e evidentemente um novo surto econômico, importante para o arraial, apesar de sua singularidade para a casta portuguesa, pois visava o abastecimento do mercado interno e, por conseguinte, os lucros provenientes de suas negociações permanecia no lugar. Por isso, é provável que pouco tenha sido o empenho da autoridades lusas em seu desenvolvimento.

Através de Resolução Régia, de 9 de agosto de 1811, o arraial de São Pedro d’EL Rey, foi elevado a categoria de distrito, como território jurisdicionado ao município de Cuiabá.

O Decreto-Lei Provincial, de 25 de outubro de 1831, crio o município de Poconé. Era portanto, o quarto município criado na província de Mato Grosso, tendo seu território desmembrado do município de Cuiabá. Porem permaneceu pertencendo a comarca cuiabana até 1840. Em 01 de junho de 1863, através da Lei Provincial nº01, Poconé recebeu foros de cidade.

À medida que a pecuária poconeana foi sendo desenvolvida, o município passou a ocupar posição de destaque no Estado, tornando-se um dos principais centro produtores de gado de Mato Grosso. Esta seqüência econômica teve seu ritmo interrompido por dois motivos: Guerra do Paraguai e epidemia de varíola, que grassou no município.Imagem dos casarões antigos, este atualmente sede da Secretaria de Educação e Turismo de Poconé.

Durante o período da Guerra do Paraguai, o município de Poconé, famoso por abrigar um dos maiores rebanhos bovino de Mato Grosso, prestou um grande serviço a nação: forneceu gado e cavalos para o abastecimento das tropas do exercito brasileiro. Esse fato permitiu que o nome de Poconé fosse sinônimo de gente patriótica e de espirito nacionalista.

O gado era vacum e o cavalo, o famoso "Pantaneiro", que no passado serviu de montaria para índios Kadiwés, remanescentes dos guaicurus, célebres cavaleiros. A maioria absoluta de eqüinos que assimilaram o ecossistema pantaneiro, veio da região espanhola de Andaluzia, trazidos por castelhanos, nos porões de navios, para servir em terras do Novo Mundo pertencentes ao Reino de Castela, em meados do século XVI.

Apesar da demonstração de apego às causas nacionais, não foi somente como centro abastecedor de bovinos e eqüinos que Poconé ficou conhecido neste período de movimentação bélica fronteiriça.

O tenente Antônio João Ribeiro, um dos principais heróis da Guerra do Paraguai, nasceu em Poconé, no dia 24 de novembro de 1820.

O tenente Antônio João – como ficou conhecido – morreu defendendo sua pátria em uma trincheira no atual município de Dourados, no Estado de Mato Grosso do Sul, na época pertencente a província de Mato Grosso.

Este bravo militar, símbolo da bravura do exercito brasileiro e mato-grossense, comandava a colônia militar de Dourados, no período no período em que a província foi invadida por tropas paraguaias. Ele e mais onze companheiros resistiram bravamente aos homens comandados pelo major Martins Urbieta _- do Paraguai.

Ficaram registradas nos anais da história as últimas palavras do bravo herói como "...Sei que morro, mas meu sangue e dos meus companheiro servirão de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria." Em sua homenagem foi erguida na praça Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro, comemorativo ao seu ato heróico.

Antes do advento da República, a vida poconeana passava por um período de calma sem maiores transtornos, porem este quadro de tranqüilidade mudou no ano de 1889, quando da proclamação da Republica, os conflitos políticos, entre monarquistas e republicanos abalaram a sociedade poconeana de cunho eminentemente patriarcal. Após a consolidação da Republica, que foi responsável pela solução dos impasses criados pelas contradições entre os poderes executivo e legislativo, resultou o predomínio em três esferas do poder executivo; federal, estadual, municipal, em virtude da disputa pelas oligarquias locais. A partir daí Poconé voltou ao seu processo normal de desenvolvimento, conseguindo reconquistar seu prestigio bi-secular.

Na década de 1930, Poconé mas uma vez destaca-se no cenário político-social-religioso, pela luta do poder entre os constituicionalistas, que formavam o grupo de oposição e os aliancistas, os da situação.

Esse tipo de conflito evidenciou-se no arraial do "Tanque Novo", no território do município de Poconé. Esse lugar foi invadido por forças policiais no ano de 1933, a mando de políticos influentes, pois o governo provisório de Getúlio Vargas não permitia qualquer foco ou reduto organizado que não apoiasse, e o Tanque Novo, sob liderança de Doninha, de cunho religioso do que político, reunia em torno de si seus devotos, que também era membros de seu partido (Constitucionalistas), garantido nas eleições de 1933, a vitoria da oposição, articulada pelos antigos governistas, que investiram no arraial, para sim usa-lo eleitoralmente.

Esse apoio político determinou a força repressiva que destrui o movimento em torno de Doninha, aniquilando assim o "perigo político" da oposição e garantindo, enfim, a supremacia da situação no município.

Nos anos que surgiram, após a consolidação da República, o município teve um total de 12 Intendentes. A partir de 1946, administração municipal passou a contar com o cargo de prefeito, vice-prefeito e Câmara municipal de Vereadores.

É notória a vocação ao turismo ecológico, que pulsa forte no seio do território poconeano. Uma das principais vias de acesso ao Pantanal é a rodovia Trasnpantaneira, com extensão de 143,3 Km, indo até a localidade de Porto Jofre.

Esta via, a MT-060, foi idealizada como representação de progresso e expansão do Estado de Mato Grosso. O objetivo era transformar Poconé num centro irradiador de economia, já que o projeto inicial da rodovia previa sua extensão até o município de Corumbá, no Estado do Mato Grosso do Sul, permitindo escoamento de safras de todo estado matogrossense, possibilitando o transporte fluvial, via Rio Paraguai.

No entanto registros histórico nos dão conta de que tudo não passou de um engodo. O projeto de construção da rodovia Transpantaneira foi realizado sem critério técnico-cientifico adequado, pois, ao cortar o meio o Pantanal, se verificaria um prejuízo incalculável ao ecossistema regional e ao homem pantaneiro. A falta explicita de critérios traduz o imediatismo dos projetos vinculados ao PRODEPAN, na década de 1970.

Outras situações preocupante para os ecologistas, no território do município de Poconé é a retomada da mineração do ouro. A redescoberta de ricos veios auríferos no final da década de 1980, fez ressurgir a efervescência garimpeira do tempo em que surgiu Beripoconé, no século XVIII.

Neste contexto, muitas gente passou a buscar na garimpagem do ouro um meio de sobrevivência, objetivando melhores condições de vida.

Mobilizaram nesta lida os peões e vaqueiros, que deixaram o trabalho no campo pela aventura garimpeira, sem contar empresários e fazendeiros que passaram a capitalizar mais significativos na produção aurífera.

O poconeano é povo de cultura secularmente suas tradições. O cuidado em conservar as características originais das festas, as dança, as comidas típicas, enfim, das tradições que encantam no conjunto de maravilhas culturais do município, são predicados típicos desse povo pantaneiro.

As manifestações folclóricas não ocorrem somente durante as festas de São Benedito e de Nossa Senhora do Rosário – padroeira da cidade. Também são apresentadas num gesto cativo as pessoas que escolhem o município para as suas viagens turísticas.

As comemorações dos festejos folclórico são realizados com missa, churrascos, bailes, danças, comidas típicas e quermesses. Como parte do folclore são cultivado as danças do cururu, siriri, dos mascarado e cavalhada. Como podemos perceber, o município de Poconé é rico pela grandeza cultural, destacando-se ainda os ramos da tecelagem, urubamba, madeira, couro e chifre, crochê e tricô, doces, vinhos e musica.

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Revolução do Tanque Novo
Doninha do Caeté

Os acontecimentos de Tanque Novo ocorreram em Poconé, entrada para o pantanal mato-grossense, os índios beripoconé e Guató, pertencentes a nação Borôro, constituíam a população originária, seguida dos colonos mineradores, os quais, em pouco tempo, exterminaram os primitivos habitantes.Foto de Doninha do Caeté

Foi neste região, precisamente em um localidade denominada de Tanque Novo, onde residiu a família Lacerda e Cintra que, com inúmeros filhos, vivia modestamente da agricultura e da criação de animais, porem sem miséria. A nona filha do casal, chamada de Laurinda Lacerda Cintra, mais conhecida como Doninha, em 1931, aos 22 anos de idade, mãe de 2 filhos e grávida de um terceiro, começou a Ter visões de uma Santa, inicialmente chamada de "Maria Da Verdade" e, que posteriormente passou a ser chamar "Jesus Maria José". A partir dessas aparições, Doninha passou a ser solicitada, uma vez que a Santa, não só lhe aconselhava sobre doenças mas também fazia algumas previsões sobre o futuro.

Após uma série de curas, as quais originaram romaria, a região de Tanque Novo tomou outra paisagem, de um arraial pacato, transformou-se numa pequena vila, relativamente populosa, pois muitos que procuravam Doninha, passaram a residir ali.

O ano de 1930 foi marcado por eleições para Presidente da República brasileira, nessa ocasião duas chapas concorreram: uma delas tendo a frente Getúlio Vargas que, apoiado pela Aliança Liberal, confrontava-se com a segunda chapa encabeçada por Júlio Prestes.

Júlio Prestes se sagra vencedor da eleição, onde as chapa de getulista não teve se quer um voto em Poconé, porem em um golpe militar em outubro de 1930 Getulio assume o poder, fecha o Congresso Nacional e extingue os partidos políticos existentes, começa as perseguições políticas.

Para defender as causas getulistas em Poconé, é nomeado para Prefeito o Coronel Manuel Nunes Rondon ( conhecido como "Ben Rondon" ), e foi neste momento que Laurinda intensificou os trabalhos de atendimento às pessoas que a ela vinham a procura de conselhos ou curas para seus males, sempre sob a invocação da Santa " Jesus Maria José".

Para conquistar o apoio de Tanque Novo, que cada dia aumentava sua população, Ben Rondon auxiliava e colaborava com o arraial, seja com mantimentos, ou com reguardo político. Foi nesse momento (1931/32) que foi construído um grande barracão destinados a abrigar todos os doentes atendidos pela Santa, assim como foi construída, sob o sistema de multirão, uma igreja dedicada à Jesus Maria José.

Em julho de 1932, estourava a revolução constitucionalista em São Paulo e a adesão do sul de Mato Grosso, cujas as forças estavam comandadas por Bertoldo Kliger, exigia que Vargas levassem a frente uma de suas mais importantes proposições revolucionárias, a elaboração de uma constituição para o Brasil.

Ao final, o governo federal derrotou, pela força das armas, o grupo insurreto, porem atacou e levou a frente o apelo constitucional. Já no final do ano de 1932, Vargas retomou a abertura do processo eleitoral, visando eleger, em cada estado da federação, os representantes junto à Assembléia Nacional Constituinte. Ao fazer isso, Vargas liberou a formação de partidos políticos. Em Mato Grosso, surgiram três partidos: Partido Liberal Mato-grossense ( situação ); Partido Constitucionalista de Mato Grosso ( oposição ); Partido da Liga Eleitoral Católica.

Como podemos observar, o momento político brasileiro havia se transformado, o movimento de 1932 viera indicar a existência de um forte grupo de oposição a Vargas, o qual se articulava e até intentara o chefe do executivo, através de movimentos armados. Getúlio percebeu que, para a eleição à Assembléia Constituinte, seria necessária a adoção de uma oposição firme, no sentido de desarmara e desarticular a oposição, de forma a sair vencedor o seu grupo político partidário.

Essas alterações políticas teve serias repercussões para Mato Grosso, especialmente para a região de Poconé. O Inventor Artur Antunes Maciel havia sido substituído por Leônidas Antero de Matos e, na prefeitura de Poconé, foi afastado Ben Rondon e em seu lugar assumiu Antônio Avelino Correia da Costa.

Nesse momento os habitantes de Mato Grosso já deveriam se manifestar politicamente, aderindo às claras, a este ou a aquele partido político. Os habitantes de Tanque Novo foram identificados com o partido oposicionista a Vargas. Se Ben Rondon havia apoiado Tanque Novo, o novo prefeito, também conhecido como "Nho Tico", agiu de forma contrária, perseguindo os moradores do arraial, uma vez que sua missão, naquele momento, seria a de desestabilizar as forças oposicionistas. Desta forma enviou para Tanque Novo um contigente policial que, sob pretexto de anarquia na localidade, tinha ordem de prender seus habitantes e principalmente Doninha, responsável primeira pelo aglomerado humano ali existente.

A alegação de desordem de Tanque Novo não procedia, uma vez que Doninha proibia, terminantemente, aos habitantes do lugar, ingestão de bebidas alcoólicas, assim como a prática de jogos de azar, desta forma a vida em Tanque Novo era bem pacata, onde o cotidiano do arraial era de que no inicio do dia realizava-se uma procissão que partindo da residência de Doninha ia ate a igreja, depois da reza, as pessoas se dirigiam para seus afazeres na roça ou em casa, sendo que Doninha passava o dia atendendo as pessoas que a procuravam. Ao final do dia, nova procissão seguia ate a igreja, onde ao nela entrar as pessoas eram obrigadas a tirarem os sapatos, sendo que as mulheres a utilizar um véu.

O arraial recebia doações feitas por fazendeiros e comerciantes, simpatizantes de Doninha, ou que tinham interesses políticos sobre os devotos.

O arraial pacato foi acusado de desordem e uma ordem foi expedida para que se procedessem uma invasão no local. Nessa ocasião o arraial foi invadido tendo Doninha foi presa, condição esta que permaneceu por 84 dias, após ser solto por solicitação de um Hábeis Corpus feito pelo seu marido José Odário.

Nesse momento que antecedeu as eleições à Assembléia Constituinte, foi grande a tensão na região poconeana e demais redutos partidários dos ideais constitucionalistas. Em Poconé foi destacado como juiz eleitoral, o então juiz da comarca, Luís Antônio Cavalcante de Albuquerque de Barros Barreto, o qual pertencia ao grupo de oposição e estava ligado à facção constitucionalista. De sua parte desempenhou para que a população poconeana e de Tanque Novo se alistasse como eleitor à Assembléia Constituinte, através de um panfleto por ele escrito e bastante divulgado na região.

Por ocasião do alistamento eleitoral, o papel de Barros Barreto foi fundamental para conseguir, junto ao reduto de Tanque Novo, as assinaturas que faltavam para a inscrição do Partido Constitucionalista. Das 20 assinaturas provenientes de Poconé, 11 eram da região de Tanque Novo. A adesão maciça dos seguidores de Doninha do Caité à causa constitucionalista, talvez esteja ligada à questão da salvação de Poconé, que segundo eles, somente poderia acontecer, após a volta da facção anterior ao poder, que tanto havia ajudado o Tanque Novo.

O grupo da Aliança Liberal necessitava exterminar, de uma vez com tudo o reduto constitucionalista, pois as eleições foram anuladas, uma vez que o Partido Constitucionalista interpôs o pedido de anulação, com base no número de votos nulos e em brancos, os quais, seriam suficientes para eleger um candidato.

O reduto atacado em represália a este gesto, foi Tanque Novo, para que o extermínio se concretizasse, necessitavam os oposicionistas de um pretexto, sobre o qual não poderia incidir qualquer suspeita, o pretexto encontrado foi o de que em Tanque Novo estava ocorrendo fatos escandalosos e extrema violência, como o de que os moradores de lá haviam atentado contrata a fazenda Ichú, tendo na ocasião espancado o proprietário e seu filho.

Espalhado esse boato, montou-se um forte aparato policial com a finalidade de prender os seguidores de Doninha, segundo o depoimento de pessoas que viveram na época, o pessoal de Tanque Novo nunca envolvera em briga com o pessoal de fazenda Ichú e que o incidente havido naquela fazenda uma mulher de nome Paulina e seus seguidores, os quais descontentes com o proprietário da dita fazenda, agrediram juntamente com o seu filho.

Apesar de não se Ter provas do boato contra Doninha, o pretexto bastou para o ataque a Tanque Novo, o qual ocorreu em julho de 1933, a força policial saiu de Cuiabá no dia 06 de julho, composta de cinco policiais e um cabo de esquadra, que chegando a Poconé na madrugada do dia 07, seguiram para Tanque Novo, apesar do ataque ter sido efetivado de surpresa, os habitantes do arraial receberam a bala os invasores. Nesse conflito, foi morto sobrinho do prefeito e saíram feridos o Prefeito, um tenente e o motorista do veículo que os conduziu a Tanque Novo.

Uma vez atacados, os habitantes de Tanque Novo, liderados por Munhequé, que na ocasião havia se infiltrado no arraial, invadiram Poconé, tendo depois se embrenhado no pantanal. Segui-se uma caça ao mesmo, com várias prisões. Doninha, marido e filhos conseguiram escapar a prisão, o que só veio ocorrer três meses depois, a caça a moradores de Tanque Novo durou cerca de vinte dias, tendo sido deslocados para Poconé, a mando da interventora, todo o contigente policial militar e um batalhão patriótico, ficou dado, ainda um alerta à Circunscrição Militar de Campo Grande e ao pelotão da Cavalaria de Cáceres, que chegou a se deslocar-se para Poconé.

O julgamento de Doninha foi objeto de polêmica, pois seu advogado, considerava que o crime era de natureza política, devendo por isso ser julgado pela Justiça Federal. O juiz estadual, no entanto classificou a ocorrência como crime comum, devendo o processo ser julgado em Cuiabá.

Doninha aguardou o resultado do julgamento presa, o que ocorreu em agosto de 1934, tendo sido libertado todos os outros indiciados. Ao final, ela foi considerada inocente, porem isso só veio acontecer, depois que as novas eleições foram realizadas e a vitória do Partido da Aliança Liberal ficou garantida, inclusive no município de Poconé.

Quando o inventário do pai de Doninha foi aberto, coube a ela como herança, uma parte de Tanque Novo, lugar afastado o qual batizou de Caeté. Ali Doninha continuo recebendo pessoas que a procuravam, porém, sentia-se ameaçada e discriminada. Assim ela e a família mudaram-se para Cáceres, local em que permaneceu por pouco tempo, tendo retornado para Caeté onde fixou residência, onde continuou suas atividade até a sua morte natural ocorrida em 1974.

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Frei Carlos e Frei Bernadino

É impossível deixar de fazer menção de duas figuras que, em campos diferentes, muito trabalharam em Poconé: Frei Bernardino Costa e Frei Carlos Valette.Foto de Frei Carlos Valette

Frei Bernardino Costa veio para o Brasil ainda jovem, e em circunstâncias curiosas, que não permitiram voltar a França antes de completar os sessenta anos e livrar-se de toda a responsabilidade militar. Ele recebeu a notificação para prestar serviço militar e assim mesmo veio par a o Brasil, uma vez que o Prefeito lhe prometera entrar em entendimentos com as autoridades militares. Nada fez, porém, o Prefeito, tornando-se o Frei Bernardino, involuntariamente, um insubmisso, sujeito a penalidade.

Bernardino foi ordenado sacerdote em 1910, indo para Cáceres como professor do Colégio São Luís. Mais tarde, quando foi aberto o Colégio São Francisco, em Poconé, ele foi designado para assumir a sua direção, lá ficou por quase trinta anos. Conforme já disse o internato desse Colégio servia principalmente para filhos de fazendeiros. Estes como passavam a maior parte do ano em suas fazendas pediram para o Vigário abrir um internato onde pudessem deixar os seus filhos.

Os fazendeiros e suas famílias formavam a aristocracia de Poconé, Frei Bernardino encarregou-se da vigilância e do ensino dos filhos dessas famílias, e as crianças educadas com o cuidado que era peculiar e esse Frei tornaram-se, em sua maioria, uma base sólida de promoção religiosa. Isto influiu para que mais tarde , a população de Poconé fosse profundamente cristã. Frei Bernardino esmerava-se em desenvolver em seus alunos o sentimento da responsabilidade. Todos se admiravam como se comportavam os alunos quando, por algum motivo apostólico, o Frei precisava os alunos disciplinadamente punham se em fila e prosseguiam os estudos.

Bernardino cuidou também de formar alguns moços para a vida religiosa, desejoso de Ter quem o substituísse mais tarde. Uma primeira leva veio para são Paulo em 1932, chefiada pelo próprio Frei Bernardino, quando da fundação da casa de São Paulo. Dessa primeira leva resta o Bispo resignatário de Guajará- Mirin, D. Luís Roberto Gomes de Arruda. Até 1939, quando fui designado para dirigir o internato, vários grupos de jovens vieram para o seminário em São Paulo. São desse tempo o recém- nomeado Bispo Auxiliar de Cáceres, Frei José Afonso Ribeiro, e os Padres José de Lima e Antônio Monteiro da Costa, ambos residentes em Mogi- Mirim.

A outra figura da verdadeira epopéia missionária que a nossa Ordem realizou é a do Frei Carlos Valette. Ele era filho de um afamado pintor, cujas obras estão expostas em vários museus do sul da França. Seu tio, Frei Leão Valette, foi o grande pintor das cenas da vida de Nossa Senhora na belíssima Igreja de Notre Dame de Ia Dreche, perto da cidade de Albi.

Frei Carlos veio para o Brasil com a leva de 1906. Sempre teve grande atração pela botânica. Conhecendo , pois, as propriedades das ervas, isto muito lhe valeu para o ministério a que se dedicou, especificamente o de socorrer a pobreza. Ele esteve, inicialmente, no Convento de Cáceres.

Em 1915 Frei Carlos foi designado para o Convento de Cuiabá, onde continuou sua extraordinária obra de caridade visitando os casebres de todos os subúrbios da capital. Em 1925, quando foi fechada a residência de Cuiabá, ele seguiu para Poconé, onde ficou até sua morte em 1915, ou 16. Sua morte foi em especial pranteada pelos pobres; sua vida fora praticamente dedicada a eles. Poconé homenageou-o dando o nome de Frei Carlos a uma de suas ruas.

Carlos era especializado em Botânica, principalmente em plantas medicinais. A Ordem Terceira organizou um laboratório homeopático na cidade de Bordeaux, aproveitando e estudando o valor medicinal e a experiência científica provenientes de plantas do Brasil e de algumas outras do mundo inteiro. Assim, os conhecimentos do Frei Carlos se tornaram ainda mais úteis. Até 1933 Frei Carlos utilizava as plantas pelos seus conhecimentos próprios, aproveitando-se também de experiências dos caboclos e índios. Foi nesse ano que cheguei a Poconé. Acabava de voltar da França, onde o grande radiestesista que foi Frei João Luís Bourdoux me ensinara os segredos da radiestesia.

Um dia, quando eu andava em viagem apostólica, encontrei um homem desolado porque, segundo me disse, não encontrava nenhuma posição de descanso. Disse-lhe que raiasse o seu chinelo a Poconé. Mandei chamar o Frei Carlos e lhe pedi para trazer as garrafas de remédios preparadas por ele. Tomei então do pêndulo, colocando-o, por alguns instantes, sobre o chinelo, para que pudesse capitar as irradiações do seu dono. Depois coloquei o pêndulo sobre cada uma das garrafas trazidas pelo Frei. Em algumas o pêndulo quase não se moveu, em outras se moveu muito mais. Frei Carlos ignorava tudo sobre o pêndulo e não sabia se era sensível. Fez o mesmo que eu fiz com o pêndulo sobre as garrafas, conseguindo os mesmos resultados que eu obtivera. Carlos ficou admirado dos seus poderes! Desde então ele passou a usar o pêndulo para saber qual dos produtos era melhor para o paciente.

Enquanto falo de plantas e doentes, quero relatar um fato curioso que se deu em Poconé. Um pobre leproso que tinha sido colocado fora da cidade, num ranchinho, lá esperava a morte, Cercara uma areazinha perto do rancho e lá cultivava mandioca, feijão, etc. Certo dia foi mordido por uma cascavel. Resignado, ele, vendo que não havia nada a fazer, foi deitar-se na rede, à espera da morte. As horas foram passando e ele não se encontrava pior; ao contrário, começou a sentir fome. Preparou alguma coisa para comer e depois de alimentado foi deitar-se novamente. No dia seguinte parecia estar com o corpo mais leve e aos poucos foram desaparecendo os sinais da lepra. Ele estava curado!

Mas voltando ao título do capítulo, os Freis Bernardino e Carlos, com o pouco que referi, creio que se pode ter idéia do muito que fizeram.

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13/06/1999.
©1999, Fabiano Rabaneda e Mauricio Prado, Todos os Direitos Reservados.
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